19/08/09

Tomar


Deixámos o medo à porta do templo.
Pedaços de nós pelo caminho.
Não recuámos perante o desconforto do metal afiado contra o peito. Contra tudo e todos.
E sabíamos.
Sabíamos que ia doer.
E doeu.
Doeu como se arrancassem a pele que escondia as nossas mil imperfeições. Doeu como se a rasgassem e atirassem para longe de nós, corpos despidos de almas perdidas.
Ex-corpos de almas novas.
Deixámos o medo à porta de nós.
Deixámo-nos.
E só então percebemos o que sempre fomos. E que faríamos tudo de novo. E que a pior dor é não saber.
Não nos saber.